AUTOGENIA
Uma contribuição aos estudos de Filosofia Clinica
Penso no nascimento de uma ser humano, como a chegada a um
mundo que já está dado, que já está formatado que já está cheio de mundos, de
coisas, de pessoas, de cultura, de leis, de freios e de estímulos.
Enquanto na vida intrauterina, o mundo e a vizinhança daquele
ser se relaciona, com nutrientes que entram diretamente, por um cordão umbilical,
na e para aquela estrutura, sem que ela possa fazer a menor escolha.
As sensações parecem
ser a segunda forma de registro após o enraizamento dos primeiros instantes fisiológicos. Um berço aquático, rodeado por líquidos, perfeitamente ajustados
pela natureza para criar condições para que aquela vida aconteça e se
desenvolva, assim é a vizinhança de um feto, talvez possamos acrescentar ainda
algumas descargas de substâncias que venham através das vivencias que a mãe
reflete quimicamente, os sons de dentro e os difusos que vão dando sinais de
uma vida fora da li, que só pode ser lido por sensações de conforto e desconforto,
de calor de frio. Um mundo próprio, simples, mas que funciona perfeitamente,
cada ponto cumprindo seu papel para que aquele ser se desenvolva, um tópico se
relacionando eficientemente com outro. Um exemplo de nível auto gênico, que nos
faz pensar em duas grandes questões sobre a autogenia.
A primeira delas se refere a mecanicidade, se quanto mais mecânico mais densa é a Estrutura De Pensamento, poderíamos pensar que o feto tem uma autogenia densa, porém se considerarmos que toda parte mecânica funciona para nutrir e pela rapidez que aquele ser se desenvolve, podemos concluir que aquela autogenia e menos densa, é suave.
Outro ponto é fluidez daquele microcosmos, tudo que é possível fluir
dentro daquela base categorial parece acontecer, e quando a evolução chega em
um patamar que aquele mundo não dá mais conta, quando o espaço ou o lugar para existir
começa a ficar pequeno, aquele ser que já está todo formado em suas condições
de possibilidade, começa a provocar movimentos que o levam para um novo patamar
de existência.
Quando ele nasce e vem para este outro mundo, ele alcançou um patamar que é irreversível, não da mais para voltar, assim ele chega a um novo patamar auto gênico e nesse novo patamar novos vizinhos. Ainda carrega sim, sua fisiologia que continua trabalhando pelo mesmo proposito, que mesmo mecânica vem para ajudar a vida, ajudar ao desenvolvimento e denunciar a falta de combustível para que esse caminho seja garantido. Mas os novos vizinhos, vão mostrando novas paragens, novas vivencias, novas sensações, emoções, aprendizados novos formas de se comunicar que não são mais tão fisiológicas.
Mesmo que a expressividade ainda seja simples, limitada e muitas vezes
mecânica, a criança começa a desenvolver percepções de contato de diálogo, ela
começa a conversar em seus limites com os novos vizinhos e começa a dar certo e
a categoria tempo vai ajudando na horizontalidade autogenica, e quanto mais ela
aprende novos modos, novas possibilidades, mais suave e prazeroso seu
desenvolvimento. A partir dai, percepções começam a ser introjetadas e conceitos
experiencias, emoções e sensações começam a expandir aquela EP, desenhando seus
contornos por circunstâncias, relações e lugares que irão sendo absorvidos com
pesos e medida que o todo ira propiciando.
O limite entre o mundo
e a pessoa, parece ficar mais difuso e complexo, sem dúvida há uma expansão
porem agora o limite parece não ser mais tão claro quanto era o limite do corpo
da mãe . O que antes, era bem endereçado era circunstancialmente aconchegante e
acolhedor agora tem outras versões, outras formas e outros endereços.
Como identificar onde a pessoa está existencialmente, onde
ela começa onde ela termina nesse novo cenário? É possível delimitar as
fronteiras do ser? Talvez possamos apenas transitar por seus contornos, com
aquilo que carregamos de instrumentos que nos ajudam a capturar o mundo do
outro, nesse momento que o método parece ser mais que necessário, pois é um
caminho seguro e eficiente apesar de considerarmos que não é o único caminho.
Se partirmos da Historicidade, para delinear esse contorno
que por mais evoluído que seja ainda será arcaico, pois não pode compilar da
fonte diretamente como era na vida intrauterina, mas de bases e de um método
refinadamente construído a partir de grandes fundações filosóficas. Sem falar
que a memória como primeira ferramenta acessada pelo terapeuta, é o condutor e
o vetor seletivo da caminhada que a pessoa ira fazer em direção a si mesmo. A
segunda ferramenta que podemos encontrar está definida na forma como a memória
se apresenta, se por eventos, se por datas, se por emoções ou por narrativas de
lembranças vizinhas a do próprio sujeito. A terceira feramente que dará vigor
ao trabalho terapêutico seria o próprio conteúdo.
Claro que o método, que leva em consideração as bases
categorias, como tempo , lugar ,circunstâncias e relação , por si só já traz a
ferramenta fundamental para se analisar qualquer estrutura. Mas , veja eu parto
do princípio que o inicio tudo era condição de possibilidade e depois foi química
e depois foi um encontro de micro estruturas ,o óvulo e o esperma que resultam
de um acontecimento que talvez se olhado do modo micro para o macro poderia ser
considerado como "um evento simo ou cataclisma".
Bem, o lugar é útero materno, circunstâncias um cataclisma de
energia e fluidos, a relação é a com a vibração e com a energia e o tempo vai
de um instante a 43 semanas. Mas dai o bom terapeuta ira questionar essas premissas
dizendo, mas a Estrutura de pensamento leva em consideração as circunstâncias
fora do útero, leva em consideração como esse ser foi concebido, como será
direcionada essa estrutura? Como será estimulada? Como irá captar e aprender a
realidade?
Penso que sim , a vida fora do útero pode ser marcada
por essas e muitas outras questões, mas questiono com veemência que aquele ser
ali em formação esteja já marcado autenticamente , ao meu olhar ele tem essa
pequena e talvez única possibilidade de vida autentica que está se formando
aquém da realidade do outro que irá ser impressa em si mesmo ou no seu eu. Algo
me diz, como uma força e como certa esperança que esse fato é de fato uma
grande garantia que alguns aspectos fundamentais da nossa estrutura jamais
serão maculados uma porque já aconteceram em sua plenitude e o que está dado
assim o esta. .
Comentários
Postar um comentário