TRAMA FANTASMA- OSCAR 2018
Fazia um bom tempo, que eu não via um filme retratar o comportamento Afetivo Bipolar com tamanha plasticidade.
O romance vale por muitos aspectos, primeiro sem duvida
alguma é a beleza e profundidade estética do protagonista. Interpretado por Daniel Day Lewis,o retrato é o da vida de um
estilista famoso Sr Reynolds Woodstock ,que encontra em Alma (Vicky Krieps) ,
sua mais nova amante, a redenção e “ fuga para saúde”. Este encontro, mergulha na
profundidade , fragilidade e sensibilidade de seus interlocutores . Perfeito ao ser
engatado por neuroses , ao mesmo tempo que liberta ao se equilibrar em ousadia e até mesmo em questionáveis perversidades amorosas.
Rendendo-lhe uma indicação ao Oscar , Daniel faz Reynolds carregar em seu olhar profundo e misterioso, a sedução, enquanto aos espectadores mostra claramente o turbilhão de contradições em sua
mente atormentada .
Em um de seus muitos episódios de depressão, ao buscar paz e lucidez, encontra Alma ,quando se vê envolvido em mais um
romance , a torna amante, ao mesmo tempo
que se alimenta de dor para suas criações.
Alma entrega-se a vida e ao amor do mesmo modo que Reynolds a criação de seus vestidos, a diferença é que Alma vai se fortalecendo tornando-se maior no amor e na vida, enquanto Reynalds continua
andando em círculos com seus afetos e seus fantasmas.
Há uma lógica clássica na obsessão do protagonista.
- O mundo
ao seu redor precisa estar milimetricamente acomodando conforme Suas demandas psíquicas , de uma falsa e fantasiosa força que lhe seria aparentemente continente e estruturante,
só assim e a partir de então poderá mergulhar e perder-se
completamente em um lugar onde ira criar ao transformar sua angústia em beleza
Essa criação, surge de um fórceps cognitivo de tamanha
envergadura ,acabando por obrigar o corpo a padecer , para que o homem retorne ainda em tempo
de executar sua obra.
Para alem de tudo isso, o que mais me empolgou na historia toda, é o
caminho seguido por Alma, quando traz o veneno como bem orquestrador de “cura” ,o
veneno derruba, traz a tona a percepção
a corporeidade,o sensorial e recoloca o Ser no seu lugar de humano, facilita a fragilidade para que
possa ser parido no amor.
Se nos dias atuais um diagnostico de transtorno Transtorno Afetivo Bipolar ,leva em media 10 anos para ser confirmado , imagina na década de 50?
Por FIM o final e este vem trazendo, de forma magistral o pacto do casal e
o reconhecimento da ética escolhida e assinada por ambos.
Foi demais, tão bom que me deu vontade de escrever.Bravo!
Parabéns ao diretor Sr. Paul Thomas Anderson , que em sua própria
obsessão conseguiu retratar com profundidade a neurose a beira do abismo e a beleza no ápice da construção humana ,
ambas costurando-se entre tramas afetivas.
Analise critica por Alba Regina Bonotto.
A análise é muito interessante. Deu vontade de ver o filme.
ResponderExcluirassisti ao filme, boa análise
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