Vovórecendo
Parte I A Notícia
Que incrível
é a vida! Alguns dizem que agente encontra um saber pleno sobre ela quando nasce ou morre alguém da família.
Em meu caso o abalo foi silencioso, andou o
mais longe na introspecção das noites, onde
me levava em múltiplas direções.
Essa coisa
de ler muito, estudar muito, pesquisar muito às vezes nos da a sensação de que
estamos prontos ,mas ser Avó?
- Hummm - não tinha a menor noção de como isso seria até acontecer.
Pois cá estou, bobinha da Silva, como quase toda Vovó que conheci. Sinto-me revigorada ,algo que nada tem haver com idade mas com disposição para a vida, paradoxal não?
Primeiro vem a noticia, com ela um misto de espanto e duvida, Será MESMO? Chegou a hora?
É estranho, assim que a noticia se espalha,começa os parabéns, as brincadeiras, você passa ser vovó de todo mundo, não tem nem tempo de assimilar a ideia, chega a ter uma sensação de sufocamento; parece que estão falando de outra pessoa, a ficha vai caindo aos poucos.
Você terá um novo papel existencial e nem foi consultada , sua participação é extremamente ligada ao fato de ser a mãe de um dos envolvidos na produção do serzinho que está por chegar.
Comigo aconteceu assim. Fiquei em primeiro lugar preocupada com minha filha, em saber como ela estava como estaria com a gravidez e o parto, com seu companheiro e com o meio em seu entorno.
Um alerta direcionado de mãe para filha, e uma
determinação interna e instintiva que me dizia: - “bem sou mãe, antes de
ser avó e até o nascimento do bebe é como mãe que estarei atenta e vigilante”.
Foi assim que aconteceu, só me senti avó quando peguei aquela belezinha cabeluda pela primeira vez.
Foi assim que aconteceu, só me senti avó quando peguei aquela belezinha cabeluda pela primeira vez.
Até la, fui recebendo as emoções que tinham com tranquilidade e quando vi estava reeditando toda a minha historicidade maternal ,de uma forma totalmente natural e serena .
A medida que a barriga dela crescia, minhas lembranças de mãe voltavam como uma delicada cachoeira estruturante.
Lembrei-me da gravidez, das alegrias e tristezas que andaram com ela, lembrei-me do parto, da felicidade e do amor instantâneo que veio ao ver seu rostinho, tão lindo e familiar pela primeira vez.
Mas o melhor de tudo, foi constatar mais uma e definitiva vez, que ela tinha outra historia e certamente não sofreria as mesmas dores, estava preparada ,uma adulta plena e senhora de si, nunca estaria refém ou a mercê de nem uma perversão humana ou cultural . Foi exatamente isso que me trouxe um sensação maravilhosa de dever cumprido.
Sei que o sentido de zelo e autopreservação não torna os filhos imunes às dores da vida, mas sei que enquanto puder estarei por perto como um continente para dar ancoragem e como uma guardiã, pronta para agir se for preciso.
Alba Regina Bonotto
A vovó mais linda amada e continente do mundo! Te amamos infinitamente. Obrigadaaaa Mamis
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