Flores e mais Flores
Há em nosso tempo, uma urgência ,
quase uma obrigação, a de que temos que descobrir os porquês de tudo que
fazemos ,desejamos e pensamos.
Parece que o ser humano evoluiu
muito neste movimento, mas isso tem uma contrapartida, porque a pergunta
insistente e repetitiva, muitas vezes o faz girar em torno de si, tal
como um pneu roda na lama, fazendo buracos inertes, falta-lhe atrito e aderência.
Há uma parte de nós, que precisa
ficar desconhecida, para garantir que o movimento intelectivo aconteça
livremente e para permanecer a salvo de nossas ideias preconcebidas, carregadas
de prejuízos culturais.
Desconhecida, se mantém
como a coisa em si , e eu diria ainda como " a mais
original das coisas de si" que habitam nossa mente. Entendo que é
justamente esta zona neutra, este país desconhecido, que nos ajuda a criar
novas rotas para vida.
Enquanto alguém, sai das sombras, abandonando seus fantasmas para
ser, mais e mais o que é de fato, cria uma rota de seu mundo interior
para seu meio, dai também surgem possibilidades de atritar a realidade até que a aderência aconteça. Como pedra lascada , pode produzir instantes cheios de fagulhas que acendem seu primeiro
motor existencial e assim , começa a tração, criando
interessantes movimentos em direção a superação de limites até então inconcebíveis.
Recentemente um bom amigo, me
alertou zeloso, alguma coisa sobre o sujeito vender a ideia de uma coisa( ainda não sei o que é essa
coisa, talvez seja a fruta do conde) , mas entregar uma abobora,
o que achei muito engraçado , pois
fiquei me perguntando, porque uma pessoa venderia A por B ? Não pode ser uma abobora que vira
outra coisa as vezes?(tipo um recheio de tortei).
Será que quando alguém
aceita um convite nosso pra jantar, em nossa humilde casinha ,ficara decepcionada se você servir um prato principal refogado com abobrinhas a dorê ,cobertas com uma
deliciosa ricota e temperinhos verdes?
Porque uma coisa tem que existir
sem a outra, será mesmo que o problema é o que se esta vendendo? Mas e quem
compra? O que comprou e o que se quer vender de fato ? O que há de errado com aboboras? Para algumas
pessoas pode ser uma grata surpresa, ainda mais as que são vegetarianas, alias ao
que me diz respeito, tenho muito mais alegrias e tenacidades nas minhas
"abobrices" do que nos movimentos mais requintados que minha mente possa produzir
Talvez seja esta uma leitura carregada de prejuízos, que não me dizem
respeito, faz parte daquilo que o outro vê através de suas representações, algo
de sua estética comportamental ou até de suas utopias emocionais.
Fica o convite, para uma grande experiência, a todos que estão ilhados na busca do porque de tudo que há em si : Que tal
experimentar o desconhecer-se? Então mergulhar em um espelho com imagens desenhadas
pelo olhar do outro?
Uma nova referência surgira deste
movimento, fria , incandescente ou seja lá o que for. Nela se poderá sentir
sua tez , que ao tocar sua consciência, reproduzira a textura do próprio vidro que a reflete.
Quando em meio ao deserto de certezas, também descobrirá as representações cheias de limites que outro lhe impõem, perceberá que ele, apenas apreende de você, fragmentos
que na maioria das vezes não existem fora da subjetividade que o constitui como sendo um não você, nesse instante la estará ele, revelado também, pela forma que representa você.
Há algo que na
verdade ,não foi vendido, mais certamente e equivocadamente comparado. Isso posto chega-se facilmente aos aspecto especulativo das ideias e conceitos, que tentam universalizar o humano,material rico,um novo saber para as rotas singulares a seus desejos mais secretos.
Temos que considerar , o próprio observador, que por vezes se faz juiz e o redentor, sendo que ele mesmo é humano, falível e limitado. Quando o descubro nestes limites , é justamente sua
nudez que me traz empatia e compaixão afinal tem abóboras ali também.
Ser uma coisa e ser outras muitas,
também é algo do humano. Desconheço pessoas que não tenham estas
convergências em algum momento, basta um olhar menos carregado de paixões se poderá ver, que estão muitas vezes , a serviço da sobrevivência e integridade daquela
malha intelectiva, são competências de uma existência.
Nem mesmo os mais castos ,que
buscam libertar a singularidade escapam disso. Na sala de estar, podemos
receber muitas pessoas, mas poucas têm condições de adentrar em sua moradia
interior, ainda mais se existir muita beleza por lá, tem pessoas que simplesmente não suportam a luz nem mesmo descobrir as diferenças entre o seu eu e o eu do outro.
Mais difícil ainda, é que transitem sem
desejos de posses por coisas que não podem carregar, a maioria acha que o seu deslumbre basta para carregar o mundo.
Mas é preciso, no sentido de
precisão mesmo, notarmos que as flores, todas elas , por serem lindas
e provocarem muita inspiração , encantamento e por produzirem os mais deliciosos
perfumes,aguçam nosso desejo de captura. Quem nunca desejou colher uma flor? Mas o lugar delas é estar a onde estão, também é assim para as
abóboras, apesar de muitos acharem que elas só existem para
alimentar.
Analogamente, como seria isso para as princesas? Ha algum lugar melhor
para que existam do que nos contos de fadas?Não são eles uma coisa que na verdade são muitas outras? Não esqueçamos que as distorções também são protagonistas dos mais belos sonhos .
Muito interessante a metáfora sobre os "prejuízos", quem somos nós para julgar?
ResponderExcluirO melhor de td é as abóboras são livre!
Bjs. Eliana
Sim querida Eliana, são livres para ser o que podem ser quando puderem.Obrigada pelo cometário.Beijos Alba
ResponderExcluirMas e tao bom ser muitas coisas!! Flores cada qual com seu perfume, cada uma com sua beleza unica...assim somos...muitas e unicas...bjss
ResponderExcluirOla Valeria querida, tens razão ,multiplas e sempre reinventando uma nova forma de ser toda toda.
ResponderExcluirObrigada pela visita!!
bjs
Alba